O que fazer se me sinto infeliz nos empregos?

Entrei em uma empresa há quatro meses, pensando que tinha conseguido o emprego dos meus sonhos. No dia a dia, porém, estou me desapontando. Percebo que meu trabalho não é tão importante quanto achei que seria e que sou pouco aproveitado. Essa decepção tem sido uma constante. Já passei por diversas empresas e áreas diferentes, mas nunca consegui ficar mais de um ano nelas. Sempre me empolgo com a nova oportunidade, mas acabo me desanimando ao perceber que a prática é muito diferente da teoria. O que devo fazer?

Administrador, 24 anos

Resposta:

Em nossos estudos, costumamos perguntar ao jovem em qual empresa ele gostaria de começar sua trajetória profissional e como tem certeza de que aquela companhia vai oferecer o que ele tanto espera.

A conclusão é que não há como ter como essa garantia, já que na maioria das vezes ele cita como fonte a mídia e o que outras pessoas contam sobre aquela organização. Ou seja, essa sensação de que a prática é bem diferente da teoria deve ser recorrente em tantos outros em início de carreira como você.

Acredito que se deparar com a realidade do universo organizacional e constatar que ela não é como você idealizava faz parte da maturidade profissional. No entanto, você já passou por diversas empresas e áreas e essa decepção tem sido constante. Parece, portanto, que o que você está vivendo não está restrito a um momento pontual da sua carreira. A partir disso, vale a reflexão se você não tem um “desajuste crônico” daquilo que realmente pode esperar de uma empresa ou de um determinado escopo de trabalho.

Executivos que ingressam em uma nova empresa levam cerca de quatro meses para compreender a sua cultura e estratégia. Será que você não está generalizando suas percepções e por causa de alguns itens de insatisfação, concluindo que a empresa como um todo não era aquilo que você sonhava?

Todo trabalho, por mais divertido que seja, tem atividades, pessoas e situações que você não irá gostar tanto assim e isso acontece em qualquer carreira e posição hierárquica. Até um espião da CIA depois de voltar de uma missão cheia de adrenalina e emoção tem que, por exemplo, sentar e escrever um relatório.

Além disso, mesmo dentro de uma única empresa você pode fazer parte de times diferentes, em projetos distintos, e terá mais afinidade com uns do que com outros. O importante é procurar um ambiente ético.

Em relação ao aprendizado, a abertura deve ser sua. Alguns processos e procedimentos devem ser seguidos e muitas vezes a repetição é fundamental para o resultado a ser entregue. Encare as atividades e relacionamentos ao seu redor como uma chance de se desenvolver e não se esqueça que você sempre pode pensar em novos formatos para alcançar os mesmos resultados.

É preciso ter cuidado, contudo, para não confundir a valorização do seu talento com constantes promoções, feedbacks positivos, aumento de remuneração e participação em projetos desafiadores. Na vida profissional você enfrentará ciclos que são fundamentais para a construção de uma carreira sólida. Desse modo, em muitos momentos surgirão críticas, dúvidas, questionamentos e tarefas mais burocráticas.

Finalmente, vale ressaltar que os gestores e sua equipe de trabalho podem não saber claramente quais são os seus talentos e como eles podem ser bem aproveitados, já que o autoconhecimento nesses casos é fundamental. Reflita se você também está fazendo a sua parte e compartilhando com quem é importante o que você acredita que faz bem e como poderia ajudar nas atividades e projetos.

Sofia Esteves é psicóloga com especialização em recursos humanos e presidente do grupo DMRH

Fonte: Valor Econômico

Published in: on 8 de junho de 2011 at 17:28  Comments (1)  

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  1. Muito bom.


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